A Ceifadora - Prólogo






              


   O sol estava forte mesmo sendo 8:00hrs da manhã, cegando meus olhos naquele ônibus do inferno. Não queria estar ali por vários motivos. A primeira era que ninguém gostava realmente de mim, a segunda, minhas duas melhores amigas tinham faltado, terceira e mais importante, estava completamente só hoje.

Meu dia não tinha começado bem admito. Passaria o resto do dia como sempre fazia na escola, ficaria lendo como se isso fosse me tornar invisivel aos olhos dos outros, sabia que isso não funcionava,mas no fundo... sabe como dizem " a esperança e a última que morre ". Eu tentava demais não chamar a atenção, mais isso nunca realmente tinha dado certo. Sou um tipo normal de pessoa que sofre bullying dos retardados da escola, eu não era feia mesmo sabendo que não precisa ser para sofrer bullying na escola. Nao importa se você é feio ou bonito demais, magro ou nem tanto. Se você simplesmente gosta de ficar no seu canto ou não. Sempre tem um panaca para caçar você e tornar sua vida uma bosta. Sozinha então .....não quero nem imaginar.



Hoje é meu aniversário e tudo que eu queria era ir fazer algo legal com minhas amigas e ter um dia normal, isso era pedir demais. Minha mãe insistiu para não vir, mas tinha dito que tudo ia ficar bem e que iria me divertir. Agora era mentira.



Segurei meu colar em forma de coração e o apertei como se fosse me dar sorte no meu dia especial e ao mesmo tempo ruim. Seria para o meu pai ter me dado ele, mas.... ele havia tido um ataca cardiaco e não sobreviveu. Faz dois meses e eu me sentia miseravel. Se ele estivesse vivo... eu aguentaria as coisas melhor do que agora, aguentaria e me esforçaria para ele ter orgulho de mim e me olhar com aqueles olhos verdes invejaveis que ele tinha e me abraçar e dizer que ele me amava e estava orgulhoso.

Meus olhos quase se encheram de lágrimas com tal lembrança. Aqueles olhos.... aqueles olhos que eu queria ter e não tinha.



- sem a escolta hoje, quase posso vê -la chorar. Marcela falou. Ela se achava muita areia, mas não passava de um saco de esterco não utilizado. Aguentei ela desde que meu pai morreu por dois meses dizendo o que ela faria sem o pai dela, o quanto era bom AINDA ter um pai. Nada que ela tinha me feito antes me magoou quanto aquilo.



As horas que passei no ônibus pareciam milênios até que chegamos e saí correndo para o lugar mais afastado de todos. O lugar era conhecido e já vinha aqui desde que tinha 4 anos de idade. Então conheço o lugar como a palma da mão. A cachoeira De La'Muerta era conhecida na cidade mas poucas pessoas tinha acesso. Meu pai era um deles.



Me afastei o máximo e quando avistei o policial que patrulhava o local , mansei um oi. Ele não tinha motivo para me parar e dizer para ficar com o grupo da escola. Depois de umas horas todos se encontrariam no lugar que eu estaria, eu sempre sei dos procedimentos, já salvei uma criança que estava perdida aqui uma vez e com isso ganhei passe livre e sorvete o suficiente para um mês.

Subi o morro por uma trilha escondida por moitas e segui em frente até chegar ao topo De La 'Muerta. Logo mais afastado encontrei um lugar perfeito para ler ou dormir. Tudo dependia do meu estado de espirito

O lugar estava cercado por margaridas. Minhas flores preferidas.

Me deitei no meio delas logo a baixo de uma árvore, fechei os olhos para poder relaxar e transformar meu dia. A brisa fresca e o sol da manhã me acalmaram e senti vontade de dormir. Para ficar concentrada comecei a imaginar sendo algum personagem de um livro que eu tenha lido. Pensei em ser Raven Maddison do vampire kisses, uma humana que tinha aventuras com seu namorado Alexander sterling um lindo e maravilhoso vampiro, mas dai veio a realidade.... se eu fosse a Raven... quem seria meu Alexander?



Mãos gentis serpenteavam pelo meu cabelo mandando ondas de sentimentos ao meu corpo me fazendo relaxar. Abri meus olhos devagar e vi uma cabeleira negra, pele bronzeada e um sorriso timido de tirar o fôlego. Olhei -o direto nos olhos castanhos e sorri para Johnny que retirava sua mão como se tivesse feito algo de errado. Ele é um fofo. Dava até vontade de beijar aqueles lábios perfeitos. Muitas garotas queriam ficar com ele e talvez por ele me tratar diferentes do modo que ele tratava as outra, ás fizerem me odiar e fazer da minha vida um inferno.



- Não queria acordar -te ó bela adormecida!



Revirei meus olhos. - Não estava dormindo. Garanti. Sua feição ficou séria e um pouco melancólica.



- Não ligue pra eles, um dia os filhos deles seram tratados pelo mesmo modo que eles te tratam. Quase engasguei com suas palavras. - Eu me viro bem. Ele sorriu em desgosto, mas ainda um pouco brincalhão.

- Você mente muito mal. - amaldiçoei mentalmente. Queria saber desde quando havia ficado tão transparente para as pessoas verem o meus reais sentimentos! Já me imaginei invisivel para que algumas pessoas me deixassem em paz, mas nunca me imaginei sendo transparente para alguém, especialmente johnny.



- Vou ter que aprender com alguém mais experiente. Disse com um sorriso . Ele se animou um pouco. Seus olhos brilhavam e algo malicioso cruzou seu rosto.



- sou muito experiente. E pronto para ensinar... coisas. E riu. - estou falando num bom sentido, claro.



Ri enchendo meus olhos de lágrimas que nublaram minha visão.



- não pensei em nada que não fosse NO BOM SENTIDO.



Johnny mudou sua respiração e chegou aproximou seu corpo do meu até o ponto em que nossas pernas se tocassem. Olhando diretamente em meus olhos, ele colocou seu braço ao redor de minha cintura para me trazer mais perto de seu peito definido. Senti seus musculos dos braços saltarem e sua barriga sarada tocando a minha, esquentando -a.



- Eu gosto de você, gosto muito....mais do que você pode imaginar.



As palavras aqueceram meu coração e naquele momento percebi meu dia ruim se transformou num maravilhoso e explendido dia eeeee...... finalmente ganharia o meu primeiro beijo. Tá! Sei que é estranho ter alguém da minha idade que nunca tinha beijado um cara algo raro, mas nunca tive essa estranha vontade de beijar desconhecidos . Minha vontade era beijar um cara que eu realmente gostasse, e esse cara era Johnny e finalmente ganharia o que a muito tempo esperei e não me arrependo de nada. Graças á deus!!!!



Seu hálito cheirava a hortelã. Seus olhos se fecharam e sua boca chegou cobrindo a minha. Sua boca era quente se movimentando contra mim e sua lingua explorava cada canto de minha boca enviando ondas de prazer. Ficamos assim um bom tempo até nos separar e darmos um beijinho para fechar com chave de ouro. Ele se afastou parecendo satisfeito e fiz o mesmo para demonstrar minha felicidade do meu primeiro beijo. A espera tinha valido a pena, pois tornei o meu primeiro beijo algo realmente memoravel, coisa que poucas pessoas faziam ultimamente. Todas dizem que a primeiras vez é inesquecivel, mas raramente se lembram.



- Estamos namorando agora? Ele perguntou. Fiquei um pouco sem jeito pelo que dizer e tenho certeza que minhas bochechas estavam ruborizadas.

- Depende, se você quiser... hum..... eu gostaria.



Ele começou a rir . Colocou suas mãos envolta do meus rosto e me puxou para beijá -lo. Seus lábios beijaram cada parte de meu rosto.



- faz dois anos que quero isso.



Me afundei em alegria de saber que desde o começo ele realmente queria mim .



Sentimos um clima poderoso rolando e nos aproximamos para outro beijo, mas ele foi adiado pelo idiota do amigo de Johnny, Marcelo.

Frustração estava presente em ambos e obviamente Marcelo recebeu isso com um mero divertimento. Sorrindo passando a mão em seu cabelo vermelho e segurando uma bola ele começou a resmungar. - Cara!!!!! Você esqueceu o futebol , só estava faltando você.



Johnny levantou e limpou suas calças. - já volto. Disse me dando uma piscadela e um sorriso.



Não demorou muito para Marcelo começar a zoar.



- JOHNNYyyyyyyyy!!!! O que você estava fazendo no mato? . Hein?! .... safadinho! .



Todos rimos. E Johnny levou seu amigo para longe, mas não antes sem dizer : - nada que você esteja pensando ou feito. - e depois desapareceram pelas árvores.



Fiquei um bom tempo depois rindo igual a uma louca, sentindo ainda o gosto de hortelã em minha boca.



Sons de folhas secas invadiram o espaço e imaginei que fosse Johnny, voltando para ficar ao meu lado. Só tinhamos 4 meses, depois a escola acabaria e viria a faculdade e.... responsabilidades e não poderiamos nos ver todos os dias como na escola.

Para minha surpresa não era ninguém e sim um vulto negro andando de um lado para outro. Me afastei e dei meia volta para começar a correr, mas dei de cara com outra sombra. Essa gritou, um berro irreconhecivel para ouvidos humanos. Ela atravessou meu corpo e na hora me senti mal, meu joelhos fraquejaram e minha visão turva, meu estomago revirou e tive que segurar a ânsia de vómito. Forcei minhas pernas a correrem. Minha velocidade não ajudava muito, e também minha coordenação motora nunca foi lá essas coisas. Galhos das árvores arranhavam meu corpo me fazendo resmungar, com o meu sangue e coração a toda não daria para sentir dor de imediato, mas eu sabia que doeria como o inferno quando estivesse em casa com um sabonete na mão.

Não sabendo por onde estava indo segui um rastro de corrente de água até o topo De La 'Muerta.



Olhei de cima a enorme altura e a água abundante no centro de rochas que cercavam em volta da cachoeira. Um ar frio penetrou da minha espinha até o fundo de minha alma. Eu não sabia o que estava acontecendo, mas sabia que tinha que me mandar dali.



Dei meia volta na esperança de correr e encontrar a trilha para sair daquele lugar e ir pra casa, mas já não estava mais sozinha. Ao meu redor sombras demoniacas me encurralaram. Poderia tentar correr mas provavelmente elas atravessariam meu corpo e provavelmente morreria de mal estar, olhei novamente para baixo, encarando as rochas. Se tivesse o impulso certo ... caíria no meio da água. Porém, rochas não eram meu único problema. Nao sabia nadar. - Mais que diabos! Exclamei. O jeito é aprender pela tentativa. Eu tinha motivos e o principal deles era salvar MINHA vida.



Arrumei meu corpo e me preparei para o salto. Tomei impulso e me joguei. Mas novamente.... não tinha dado certo e me perguntei o que tinha feito de errado para isso acontecer comigo!

Meu corpo estava no ar flutuando com meus pés soltos ao vento, olhei pelo canto do olho e vi uma sombra com olhos vermelhos me segurando.



- Eu não te fiz nada! Nada! Gritei mesmo vendo que não surgia efeito nenhum.



A coisa me ergueu sobre sua cabeça. - Circum me hodie. Nam sempiterne! disse.

E me jogou de cabeça nas rochas.





***





O grito de Anita ecoava através das árvores - Eu não te fiz nada!!! Ela gritou desesperadamente.

Abandonei o jogo e corri em direção da origem do grito, segui reto em máxima velocidade imaginando se aqueles podres estavam fazendo mal a minha namorada. Se estivessem.... eu não iria deixá -los em paz sem uma boa briga. Era dificil encontrar uma garota descente e não deixaria escapar de minhas mãos desse jeito. E muito menos virar um brinquedo na mãos desses doentes. Levei muito tempo para encontrar uma mulher que eu gostasse e nunca tirariam de mim, nunca.



Acabei no topo da cachoeira De La ' Muerta. Olhei para todos os lados até meus olhos seguirem automaticamente para baixo. Nas rochas. Meu coração deu uma batida irregular. Anita estava entre as rochas com sua cabeça banhada em seu próprio sangue. Lágrimas encheram meus olhos. Não pensei duas vezes e liguei para a ambulância e me joguei na água para ver se ... estivesse viva. Embora parecesse impossivel.



Nadei até onde seu corpo estava e ainda com meu corpo dentro da água vi seus olhos abertos olhando para mim. Imóveis. Mortos. Queria desesperadamente abraçá -la, mas tinha medo que isso acabasse matando -a caso seu coração ainda estivesse batendo.



Olhei a todos a minha volta até encontrar os bastardos que faziam a vida dela um inferno.



- Felizes?! Esperam que estejam, pois vou dizer a policia que vocês não gostavam dela e tornavam sua vida um inferno. Suas bocas formaram um grande "O " e podia sentir um palavrão se formando em suas bocas.

- antes que digam qualquer coisa... tenho testemunhas e provas em redes sociais de sua antipatia pela minha namorada. Cuspi as palavras. Finalmente tinha descoberto uma utilidade para as redes sociais, esses podres que praticam maldades com as pessoas adoravam mostrar aos outros quem é que mandava, como se fossem imune as leis. Havia um tempo que tinha entrado em uma rede social e visto as grosserias que eles diziam dela, fui muito esperto em ter tirado fotos e imprimido.



Virei as costas para eles e fiquei segurando a mão de Anita, não conseguindo mais segurar minha vontade de tocá-la. O pulso estava fraco. Estava numa corrida contra o tempo.

O tempo que a ambulancia demorou á chegar pareciam anos, décadas até. E quando o fizeram já não tinha mais esperanças. Pois já fazia uns minutos que tinha deixado de sentir seu pulso.






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