Guia Para Garotas Contra Zumbis - 10º Capítulo - Segredos no porão.

                               


  Quando acordei estava no sofá pior do que antes e minha vontade de morrer aumentava. Nada pior do que estar toda ferrada num apocalipse zumbi ou seja lá o que for, que você mesma previu e para ajudar a fodona da historia não é você, embora o lance da maquiagem tenha sido...bem coisa de fodona.

   
    Me encaminhei até a cozinha novamente e avistei minha amiga fazendo o café. Não parecia que ela sabia o que estava fazendo, mas pelo menos o cheiro não estava de todo ruim, mas depois que ela me serviu uma xícara, eu soube. Se as pessoas lá fora tivessem tomado pelos menos um gole desse café o apocalipse teria chegado mais cedo.
       Soltei um pigarro e tentei esconder meu horror perante aquele liquido exótico, ela me encarou e levantou uma sobrancelha.

─ Você está com dor, deveria ter te dado algo menos forte. ─ Disse se apoiando para olhar meu rosto e encontrar meus olhos marejados.
   
  Sorri meio sem jeito e sem vontade.

─ Não tenho vontade nem de me mover, quanto mais beber alguma coisa.

─ Ian pediu para avisar que está limpando as armas.

   Ela acariciou minha cabeça e voltou a fazer suas coisas, mexendo em prateleiras, armários, procurando algo que fosse fácil e que tivesse um resultado comestível. Abaixei a cabeça derrotada e dei como essa guerra na cozinha por perdida.

─ Dylan e o pai deles? ─ Perguntei encostando minha cabeça em meu braço sentindo algo que deveria ser meu joelho, mas que agora era um amontoado de carne roxa e inflamada que ardia como um pedaço do inferno.

   Ela ponderou um pouco se deveria me contar, pois parecia assustada, mas mesmo assim abriu a boca.

─ O pai deles está trancado no quarto triste e Dylan tinha ido dar um apoio á ele, mas depois ele se trancou no porão e não saiu mais de lá.

    Logo tive um Deija vu dela ter me dito antes que Dylan estava fazendo algo estranho e que era para ter o máximo de cuidado o possível. Não era novidade nenhuma e eu não sentia nem uma grama de medo. Para mim, Dylan sempre não bateu bem e logicamente faria alguma caca absurda, mas não o achava burro o bastante para algo perigoso para ele mesmo. No máximo, se a casa fosse invadida e ele visse que todo mundo estava cercado e ele teria chance de fugir, caso não pudesse dar uma de fodão, ele fugiria e depois diria com um sorriso malandro e cara de pau no rosto.
 “ Sabia que vocês não precisavam de mim caras”.

  Há não ser que os acontecimentos tivessem um efeito devastador nele. Caso fosse esse o caso... bem... pessoas as vezes saem do ar e ficam em um mundo alternativo, protegendo a si mesmos do mundo a fora, enquanto nos ferramos aguentando a pessoa surtar. Eu sei. Tenho uma tia bem louca...ou tinha, á essas horas nem sei. Nem ao menos me importo.

  Encarei minha amiga e ponderei por um momento pensando se eu deveria ou não fazer  o que eu estava pensando em fazer. Não que minha perna ajudasse no momento. Eu poderia descer naquele porão e dar de cara com um zumbi e me lascar, Dylan poderia surtar e me dar uns tapas e Ian podia não conseguir chegar a tempo... Mas pelo bem ou pelo mal eu deveria averiguar esse caso.

  ─ Vou dar uma descida lá bater um papo com o coleguinha lá. ─ Minha amiga me fulminou com os olhos e praticamente seu corpo gritava para mim “Burra” com tanta força que eu quase poderia ouvir as palavras saindo de sua boca.

─ Melhor esperar sua perna melhorar ou o Ian ir com você .

─ Shhh!!!! ─ Mandei de volta. ─ Seja lá o que for, Dylan não vai gostar do próprio irmão descobrir o que ele esta fazendo lá e também, talvez não haja tempo suficiente para minha perna curar! Cada dia que passa tudo fica um pouco mais louco!

   Lynd olhou em volta para ver se Dylan não aparecia de surpresa e concordou com minha linha de raciocínio.

─ Tudo bem, mas pelo menos me deixe pegar uma arma para você .

  Calma por me ver concordar ela foi buscar a arma rapidamente e me entregou. Deixei ela terminando seus afazeres e fui descer aquele maldito porão. Onde cada degrau era uma espécie de castigo para minha perna, um pedacinho do inferno. A parte que me consolava era que ninguém poderia me ver rastejando para descer as escadas de um jeito humilhante, mesmo se pudesse estava escuro demais para alguém humano conseguir ver. Zumbi...quem sabe?! Se fossem lobisomens pelo menos eu teria certeza.

    Demorei um pouco para achar a porta, minhas mãos ficaram se esfregando nas paredes por um tempo até encontrar algo parecido com uma. Quando encontrei, fiz o meu melhor para abrir somente uma fresta boa o bastante para enxergar o que se passava la dentro. Estava escuro, mas não o bastante. Uma pequena iluminação feita por velas vermelhas iluminava seu interior junto ao rosto de Dylan onde sombras dançavam pelas paredes.
    Ele andava de um lado para o outro e uma vez ou outra, agachava-se para mexer em alguma coisa ao chão. Quando ele se afastou um pouco vi que o que ele tinha pego era uma foto da escola. Não era nítida de longe, mas dava para perceber que era uma daquelas fotos de formatura, onde todos os alunos saem na foto juntos, um do lado do outro em fileiras de modo que todos caibam . Eu odiava estas fotos, por que eu saia estranha nelas.

    “ Foi minha culpa” – Disse ele. “ Eu não sabia o que estava fazendo . – Ouvi com atenção e ele parecia se sentir realmente culpado com aquilo, eu só conseguia imaginar que tinha algo haver com sua mãe, se fosse isso...Lynd não tinha com que se preocupar.

“ Não deu certo!” Ele resmungou um pouco mais alto e com um pouco de raiva. “ Não era para eles aparecerem em tudo que é canto, era só para alguns! E eu seria uma porra de herói fodão!” – Arregalei meus olhos ligeiramente e não pude evitar de gemer um pouco quando a pressão em minha perna aumentou. Isso chamou a atenção de Dylan e não tive outra escolha á não ser fazer o que todas as mulheres deviam fazer nessa situação. Isso é outra lição para o guia:

Se ver uma brecha, sempre, sempre de uma de mulherzinha em perigo e frágil. Principalmente se algum homem gosta de dar uma de herói e você quer que ele caia na sua.

   No meu caso pelo menos , tive que rastejar rapidamente o mais longe possível da porta, me jogando do outro lado sem pensar na dor que eu sentiria com o impacto que meu corpo sofreria por enfrentar a parede e o chão. Não economizei no barulho, nem ao menos no gemido. Quando Dylan abriu a porta o estrago já estava feito. Seu rosto estava branco e ele parecia preocupado.

 Que merda você veio fazer aqui? ─ Disse ele enquanto me levantava e me levava escada acima. ─ Poderia ter quebrado o pescoço. ─ Disse ele.

  Eu gemi contra seu pescoço e escondi meu rosto lá.

─ Você não deveria estar sozinho num momento desses, você deveria ficar com sua família. ─ Respondi me sentindo a pior pessoa possível, mas pelo menos a tática havia dado certo... Pelo menos para o Dylan e não para meu namorado que estava me encarando quando passamos pela porta, com Dylan me carregando igual uma princesa...saindo de um porão escuro.


  Pense pelo lado bom. Pelo menos meus olhos estavam com lagrimas por causa da dor.

               
                            

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